Sempre que viajo como Guia de Orlando, agradeço todos os dias pelo privilégio que tenho ao realizar um trabalho tão prazeroso, e nessas horas, me recordo da razão pela qual acredito no turismo: o poder de transformar pessoas e comunidades.
Com o passar dos dias, percebo em meus grupos certas mudanças de comportamento, algumas estimuladas por nós guias, mas outras com certeza resultado do aprendizado que a própria viagem proporciona.
O desenrolar de um grupo é uma coisa engraçada de ser ver! Primeiro chegam as panelinhas fechadas, em seguida entram os conflitos, então se formam novas panelinhas, os conflitos são resolvidos e, ao final, temos um caldeirão bem misturado com todos os integrantes – essa mistura é o que proporciona a eles conhecer gente nova, e com isso, adquirir hábitos novos também.
Ao ver os grupos mais amadurecidos, no tal estágio “caldeirão”, posso notar como os comportamentos se adaptam. Se um tira o lixo ao final de um show, por exemplo, todos ao redor fazem o mesmo; se um silencia no momento em que estamos passando recados, o mesmo acontece com os demais… agora, já pensou se alguém começa a gritaria? Medo até de pensar! Rs…Viajar em grupo é isso, e essa multiplicação de reações é o poder transformador que deveríamos explorar em qualquer que fosse o destino, com qualquer tipo de grupo.
Imagine que numa viagem de ecoturismo um número pequeno de pessoas adquira hábitos de preservação – se a lição for efetiva, muito provavelmente esses hábitos serão multiplicados mesmo após o término da viagem, e se isso acontecer… bingo! A comunidade ganha.
Turismo é mais do que a gente pensa… é uma força capaz de transformar pessoas, que podem ser interna e individualmente tocadas por uma viagem, transformando assim a comunidade em que vivem.
Nosso dever como parte do trade é garantir que essa força seja usada para o bem. Da mesma forma que uma consciência positiva beneficia a comunidade, se negativa, essa consciência pode ser igualmente destruidora. Nesse quebra-cabeças, temos que zelar para que todas as partes sejam encaixadas – não que o quebra-cabeças por si só resolva todos os problemas, mas com as partes bem encaixadas temos um ótimo começo.
Vamos transformar, nós podemos.
Luciana Ribeiro
Change Treinamento em Turismo
